07 abril, 2012

Reencontro

Avassaladora manhã de domingo que invade o quarto e convida a acordar, mostrando-me a realidade do dia, a necessidade de partir. Doce amor que me afugenta! Tenho lembranças de uma noite espetacular, arrebatadora, que afastou de mim toda razão e me aproximou dele. Ele que há muito não via, que há muito não sentia, que há muito nem a voz ouvia. Apareceu tão de repente e me invadiu como a luz do sol. Aquele olhar que me puxara, me levara para onde quisera sem hesitar. Ele que outrora esquematizou comigo uma vida, hoje tive por uma noite. Noite bem distante de um passado esquecido ao ver a luz daquele olhar. A luz daquele olhar afastou de mim a saudade que me sufocava sempre com perguntas que não sabia responder, que me culpava por um fim, desconsiderando a ausência de um começo. Agora ele dorme em meus braços, e preciso partir. O calor que nos cercou me surpreendeu de maneira tal que não pude resistir, muito embora já havia me prometido nunca mais retornar a esses braços. Mas tanto tempo se passou sem que eu ao menos o visse de longe... A tantos outros braços ele possivelmente pertenceu, me pergunto olhando para ele a quem será que destinou o "eu te amo" que eu tanto ouvia. Eu vi "eu te amo" escrito no sorriso que ele direcionou para mim, percebi então que não importa o tempo que passara, somos ainda apaixonados um pelo outro. 
E sobre como vim parar aqui, recordo-me de estar em uma festa, até que vi um antigo olhar. Meu coração disparou, e o dono daquele olhar caminhou em minha direção, segurou meu braço e me chamou pelo nome quase que incrédulo - é você mesmo? -, eu não disse nada, apenas fiquei ali, patética, encarando-o e sorrindo, com lágrimas nos olhos. Um turbilhão de sensações me invadiu de uma vez, e pude notar lágrimas nos olhos dele também. Explodimos em um beijo, e agora estou aqui. Foi uma noite arrebatadora, e cheia de emoção. Emoção essa que julgamos ter acabado, a prova de que estávamos enganados. Se me lembro bem, ouvi sussurros de amor em meu ouvido, enquanto sentia o corpo dele repousar sobre o meu. Eu quis dizer que o amava também, mas calei. 
Doce amor, mas me afugenta... Talvez eu tenha que partir.

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"Só louco amou como eu amei. Só louco quis o bem que eu quis. Oh, insensato coração! Por que me fizeste sofrer? Por que de amor para entender? É preciso amar, porque: só louco!"
 - Dorival Caymmi

3 comentários:

  1. PQP!!! To arrepiada! A nova geração da Tati Bernardi! Vc deixa meus textos no chinelo! Lindoooo!!!!

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  2. Que isso, Pri! ASHUHAUSHU, obrigadaaa! Não me deixe envergonhada!

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  3. E como eu sonho com uma noite assim... Palavras sussurradas, os sentimentos escapando por entre sorrisos...
    Existe coisa mais deliciosa que amar e ser amada?

    Beijos*:

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