Os ponteiros
do relógio marcam a hora em que todos se deitam para dormir, ou que ao menos
tentam. Meu horário é marcado pelo céu e a luz dele me mostra claramente, ou não
tão claramente assim, a julgar pelo tom escuro que ele apresenta hoje; que é
hora de me levantar.
Mais uma noite
começa, noite de perambular pela casa, como gosto de fazer; noite de admirar a
solidão. Mais uma dose de café, eu não estou a fim de controlar a ansiedade
deste dia.
Hoje o dia foi
cruel.
Vejo gente
morta o tempo inteiro. Gente morta que anda e que fala. Gente morta que se move
e tem sorriso robótico. Pergunto-me o que eles pensam estar fazendo, levando
uma vida que não tem vida. Esquecendo-se de viver!
Soube de um
acidente brutal e eu não saberia disso caso as vítimas não fossem meus
vizinhos. Aposto como ambos não sabiam que iriam morrer (a maioria das pessoas
realmente não sabe quando está na sua hora), mas se eles soubessem acredito que
não teriam passado a noite de ontem brigando.
O acidente foi
pela manhã, dois corpos estirados no chão. Ouvi muitos comentários sobre isso
no dia de hoje, mas agora, sozinha com minha xícara de café, questiono-me sobre
o verdadeiro dia em que eles morreram. Tenho para mim que já estavam mortos há
muito tempo, tal como você também está.
Agora percebi quantas pessoas mortas conheço... Talvez eu mesma seja uma delas.
ResponderExcluirDecidi viver.
Boa decisão, fico feliz de ter participado da mesma.
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