22 agosto, 2012

Linhas de saudade

Meu quarto foi invadido pela melodia suave do piano a tocar, eu o escutei e abri os olhos. Senti a mesma dor de cabeça da noite passada e retrasada, a mesma dor de cabeça de todos os dias desde aquele dia. Dia fatídico. Pressionei os olhos na esperança de aliviar a dor, mas só o fiz de verdade quando ouvi a sua voz rouca e bela a cantar para mim. De dentro para fora e não ao contrário. Nasceu em meu coração e abriu-me um sorriso, pois era a nossa canção. 
Minhas manhãs ainda têm o cheiro do seu café, que é o melhor. Me pus a pegar uma xícara e levei meu corpo preguiço até a sala de estar, olhei para o piano e você não estava lá. Percebi o real silêncio na casa, e este era ensurdecedor.
Fechei meus olhos e nos vi juntos nessa mesma sala. Você estava compondo a nossa música, eu estava a te admirar. Vez ou outra, te tirava para dançar; vez ou outra, você parava para me beijar; no fim do dia nossa música estava pronta e brindamos a isso, selamos a noite com amor. 
Agora estou parada nesta sala sozinha a viajar no tempo e sei que o piano nunca mais fora tocado, embora eu sempre venha aqui e veja o contrário. 
Eu revivo todo dia os nossos dias, em meu rosto sinto lágrimas que dançam no ritmo saudoso das batidas do meu coração. 
Às vezes, quando ligo o rádio, é a nossa música que está tocando. Creio que as pessoas a amariam ainda mais se a escutassem na sua voz. Minha voz não é lá grande coisa, mas eu precisava cantar ao mundo o nosso amor. É a minha forma de nos eternizar na Terra.


Um comentário:

  1. uaaaaaaaaaaaau!!!

    eu ouvi os passos até o piano... o clique do rádio ligando... inspirador!

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