24 outubro, 2012

Nostalgie

Sinto o cheiro do café, você não está, ouço a música que traduz o que sinto e hoje a tristeza não é passageira... Não dormi bem na noite passada, senti medo de bichos que talvez não existam, porém os pesadelos que tinha com os olhos fechados estão distantes, você me ajudou a me libertar. Obrigada.
Tão perto, tão distante. 
Penso em uma reaproximação, as coisas não deviam ser assim. Bobeira minha ou realidade maldosa? Não sei, me perdi. De novo, mas de você que eu nunca quis perder... Lembro de vocês dois, a vida era boa, sinto falta dos dias de sol, do parque, da chuva caindo lá fora enquanto sentados no couro preto daquele sofá, descascávamos batata assistindo qualquer porcaria na televisão. Sinto saudade do almoço de domingo, do calor infernal: jogados na sala assistindo um filme qualquer. Do choque na tomada, do circulador. Da sua barbicha fazendo cócegas, da minha gata que morreu, do seu sorriso sincero, da luz feliz nos olhos dela. Me ilumina, me encanta, me fascina.
Da carcunda, da escola, da habilitação. Não queria crescer.
Das conversas, dos conselhos, da aliança impossível de ser entregue - aliança que une pessoas que são erradas, erradas pra mim. Só sei assim.
Lembro da casa escura, do medo abundante - "posso juntar sua cama na minha? me leva no quarto da mamãe?", vontade de comer bolinho de chuva... Queria milk shake de chocolate. Até a ausência de grana me faz falta. Cabana, "constrói uma pra mim?".
São tantas coisas perdidas na memória, todas elas, nós todos, você é o meu herói. Ela a minha heroína. Vocês a minha base... Até um presente novo com a mudança eu ganhei, compensa, é bom. Mas podia ser diferente, podia ser melhor. Não sei. A vida deve ser aceita, aceitemos, aceito.
Tanta gente já foi... Máquina de escrever vermelha, um dia escrevo algo sobre ela, sinto saudades imensas. 
Por que estamos tão distantes, estando tão perto?

"tristeza causada pela saudade de sua terra ou de sua pátria.
Saudade do passado, de um lugar etc.
Disfunções comportamentais causadas pela separação ou isolamento do país natal, pela ausência da família e pela vontade exacerbada de regressar à pátria.
Saudade de alguma coisa, de uma circunstância já passada ou de uma condição que deixou de possuir.
Condição melancólica causada pelo anseio de ter os sonhos realizados.
Condição daquele que é triste sem motivos explícitos." 

2 comentários:

  1. também sinto falta do meu pai
    sinto falta de como ele era, ou de como eu o via
    sinto falta da grandeza que essa imagem tinha
    sinto falta de sentir falta de uma família
    de ver mais beleza nessa união
    eu só fui me adaptando até aqui
    me adaptando as turbulências dos pais,à separação, às novas uniões, aos fracassos das novas uniões, os infernos em casa, achando normal voltar pra casa obrigada, e não por vontade.
    e fui me alimentando com uma descrença, um descaso, nesses valores de família
    sempre lutando dentro de mim
    com minha mãe
    com meu pai
    e com os intermediários que surgiram externizando essas batalhas
    eu pensava a vida numa solidão
    viveria sozinha, nunca sentiria falta de ninguém, nem casaria
    seria minha revolta, minha salvação contra toda essa confusão que tive que engolir
    expresso no passado, mas não sei se é
    não..não é rs ainda me contorço em isolamentos que já não aprovo mais, mas ainda resta a vida inteira pra nos resolvermos, né?
    adorei passar aqui jé
    beijo!

    ResponderExcluir
  2. ainda existe a vida inteira... a gente acaba se surpreendendo com as coisas que acontecem no futuro. talvez nos reste esperança, afinal. nossa vida pode não reproduzir tantas coisas que não desejamos. mesmo que essas coisas se repitam, merecemos a chance talvez utópica, de fazer das nossas vidas mais que um produto de algo que não queríamos ser.
    aliás, existem tantas coisas nas entrelinhas.
    parei de tentar explicar as coisas e as histórias que eu nem compus com base naquilo que vejo. eu vejo pouco demais.
    deixa que os autores de suas próprias histórias vejam como eles querem sentir, o que fizeram e os resultados de tudo.
    ainda me dói tanta coisa. mas é a vida em suas proporções, construindo a minha história a partir da minha visão de histórias que me interferem e me montam (aí está a confusão da vida, o paradoxo, sei lá. não adiantam isolamentos aqui, já fomos interferidos por outros).
    acho que tudo ficou meio confuso no que falei. eu to aqui respondendo rápido algo que li de novo depois de tanto tempo. quando li a primeira vez, achei suficiente nem responder.
    mas queria dizer que compartilho muito do que escreveu nesse comentário. talvez ambas tenhamos histórias complicadas ao nosso redor, por isso agradeço seu comentário e adoro suas visitinhas no sereníssima.

    abraço! (jéssica)

    ResponderExcluir

Postagens populares